A neuroplasticidade é a capacidade de adaptação cerebral induzida pela experiência, ou pelo treino, que diferente do desenvolvimento neurológico, ocorre em todas as fases da vida em graus diferenciados. Apesar de seus efeitos serem mais estudados após a ocorrência de lesões no cérebro, ou seja associada a reabilitação, alguns pesquisadores voltaram suas atenções a neuroplasticidade induzida pela habilitação.
Um estudo que despertou meu interesse no assunto foi realizado nos Estados Unidos e publicado em 2009 na Nature neuroscience por jan scholz e outros autores, no centro de imagem por ressonância magnética funcional do encéfalo em Oxford. Eles observaram aumento volumêtrico significativo de substância branca no sulco intrapariental (envolvido com habilidades visuoespaciais complexas)de voluntários submetidos ao treino de malabarismo diário.
O interessante deste estudo é que ele foi a primeira evidência concreta de aumento de substância branca induzido pelo treino em cérebros adulto, sendo que mudanças citoarquitetônicas envolvendo a substância cinzenta já haviam sido demonstradas antes.
Outros estudos com o tema neuroplasticidade estrutural foram desenvolvidos no mundo utilizando outros meios de treinos e os métodos de neuroimagem foram grandes aliados. Em revisão observei que boa parte destas pesquisas foram desenvolvidas em países orientais envolvendo desde jogos de tabuleiro, como o Xadrez e Baduk (primo oriental do xadrez) a jogos eletrônicos, que são altamente difundidos entre os jovens de todas as sociedades.
Na maioria deles foi visto que com treinos diários ou semanais não muito extensos, o cérebro aumentou de tamanho em algumas regiões, envolvidas com as habilidades cognitivas presentes no treinamento. Tais dados são relevantes pois a maioria dos estudos investigam a neuroplasticidade funcional do cérebro nessas atividades, ou seja aumento ou diminuição de atividade cortical em regiões específicas com também a melhora de habilidades motoras secundária a experiência. Os autores justificam o aumento de volume de certas áreas principalmente pela ocorrência de gênese de novas sinapses como também aumento da arborização dendrítica.
Esses resultados fortalecem a importância da reabilitação e habilitação na prática clínica, demonstrando evidências palpáveis das influências positivas induzidas pelas técnicas e exercícios utilizados na Fonoaudiologia e em outras áreas ligadas a terapia.
Figura A: Jan Scholz. |
Figura B: Cena de novela da TV Globo. |
Links e leituras recomendadas:
http://www.nature.com/neuro/journal/v12/n11/abs/nn.2412.htmlhttp://www.nature.com/neuro/journal/v15/n4/full/nn.3045.html
http://www.nature.com/nature/journal/v427/n6972/full/427311a.html
Principles of neural Science. R. Kandel , Eric/ Mcgraw-hill interamericana
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