sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Alguns mitos e verdades sobre a palpação muscular orofacial

    Na prática fonoaudiológica, em especial nas disfunções temporomandibulares, a palpação muscular orofacial é uma aliada crucial no diagnóstico funcional preciso.  No entanto, não é raro encontrar contradições nas possibilidades de palpação muscular, principalmente quando estamos falando da cavidade intraoral. Os conceitos de sensibilidade e especificidade são pouco difundidos na prática clínica, o que por vezes geram confusões. A sensibilidade de um teste ou avaliação, é o nível de o resultado ser positivo para alguma doença ou disfunção, quando realmente o paciente está doente. Já a especificidade, é quando o teste afirma que o paciente não está doente, quando ele de fato não está.     A confusão desses termos geram imprecisão na avaliação através da palpação muscular.
       Considerando a musculatura mastigatória e facial, em músculos como o masseter e o temporal, a palpação muscular é considerada altamente sensível e específica, pois são músculos cobertos por camadas de pele bastante delgadas, facilitando o acesso direto a eles e evitando falso-positivos.   O problema está nos músculos mais encobertos, como é o caso dos pterigóideos medial e lateral.  
         Falando inicialmente do pterióideo medial, pesquisas indicam que só é possível palpá-lo diretamente na sua inserção móvel, localizada na borda ínfero-medial perto do ângulo mandibular (figura 1). Muito diferente do que alguns falam, que é possível ter acesso a esse músculo na região anterior e posterior da rafe pterigomandibular (intraoral), em que boa parte da palpação estará a analisar as fibras musculares do músculo bucinador e constrictor superior da faringe (figura 2).

Figura 1. Pterigóideo medial (inserção móvel)


        Em relação ao pterigóideo lateral, falava-se que  o exame clínico intraoral poderia proporcionar acesso ao feixe inferior desse músculo.  Esse acesso seria através do posicionamento da ponta do dedo na região posterior, superior e medial ao terceiro molar, localizada no vestíbulo oral.  No entanto, foi verificado em estudos, que seria muito difícil esse acesso devido a particularidades anatômicas da região, e seria altamente provável que a palpação estivesse em maior contato com fibras do músculo pterigóideo medial (figura 2).


Figura 2. Região intraoral (rafe pterigomandibular acima do 3° molar inferior)
        Esses estudos recentes mostram a importância do estudo crítico e profundo da anatomia  para auxiliar a realização das avaliações práticas fonoaudiológicas.  
        O link do artigo de revisão que baseia este post está anexado abaixo. Bons estudos.  ahhh as imagens são retirados do atlas virtual FRANK NETTER, se estiver interessado nele, tem uma postagem anterior que ensina como baixá-lo e instalá-lo. 



     
          

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